Tudo começa com... um artigo dos nossos alunos de Gestão
Tribunas & Figueiredo
25 Fev. 2022

Há vários anos que a Escola profissional de Anadia colabora com o Banco de Portugal na implementação do Projeto “Educação Financeira”, através da participação dos seus alunos em várias iniciativas.
No presente ano letivo, os alunos do curso de Gestão já participaram em algumas iniciativas, nomeadamente, na primeira eliminatória da competição europeia do European Money Quiz, que decorreu on-line e na formação com o tema: “Criação, gestão de empresa e financiamento bancário”, ministrada pelo excelente palestrante, Dr. Jorge Lopes, em representação da Agência de Coimbra;
Os tópicos abordados na formação tiveram por finalidade ajudarem os alunos finalistas, dos diferentes cursos, a perspetivar a possibilidade de criarem o seu próprio negócio e, simultaneamente, elevar o seu nível de conhecimentos financeiros no sentido de tomarem decisões racionais sobre diferentes opções de financiamento.
Tudo começa na ideia, este foi o mote que desafiou os alunos a saírem da sua área de conforto para identificar no mercado: necessidades não satisfeitas, tendências do mercado, deficiências existentes, novas aplicações, hobbies, regulamentações, entre outras. Sendo o objetivo, sempre, o de encontrar uma ideia de negócio inovadora. A oportunidade é impulsionada pela conjugação da ideia com uma necessidade de mercado.
Ao contrário do que se pensa, os empreendedores não nascem empreendedores, não são “jogadores” nem motivados apenas pelo dinheiro, devem ser movidos por uma grande paixão, ter iniciativa, uma grande capacidade de liderança, organização, criatividade e perseverança, para se adaptarem a um mundo em constante mudança.
Após a definição da ideia, é necessário avaliar o seu potencial, construindo um plano de negócio.
Este plano tem uma importância fundamental, não só para fazer a avaliação da viabilidade económica e financeira do negócio, como também, para servir de base para a apresentação do projeto perante interlocutores externos, financiadores, investidores e outros.
Foi esta parte que mais despertou os espíritos dos jovens alunos, com a associação e partilha transversal de conhecimentos específicos da cada formação, solicitando mesmo informações, através de questões concretas, para ideias de negócio que estão a maturar.
Atingida esta fase, é necessário tomar outras decisões também de importância vital para o sucesso do negócio, como sejam: forma jurídica para a empresa entre as diversas que a lei nos disponibiliza; empresário em nome individual; sociedade unipessoal; sociedade por quotas; sociedade anónima e outras de uso menos comum; tipos de empresa e respetivas características; formalidades que devem ser cumpridas; responsabilidades e obrigações inerentes a cada forma jurídica, nomeadamente as fiscais.
Sem prejuízo da importância de cada um dos fatores envolvidos, os recursos humanos desempenham um papel importantíssimo no sucesso da organização, nomeadamente na sua formação técnica, tecnológica e literacia financeira, não devendo ser descurado o recurso ao “outsourcing” de outras competências curriculares, profissionais, institucionais ou organizacionais.
O financiamento da ideia é muitas vezes a razão para que esta fique na “gaveta”, especialmente por falta de informação sobre as diversas fontes que a podem viabilizar.
O horizonte temporal, curto, médio ou longo prazo, é a primeira condicionante das opções a serem tomadas. Na banca encontramos diversas opções: o crédito, a conta corrente caucionada, o descoberto, cartão de crédito para empresas, linhas de crédito diversas, microcrédito, linhas PME investimentos, crédito protocolado, entre outros.
É importante reter que o financiamento acarreta, normalmente, custos transversais associados como: juros, comissões, seguros, impostos, garantias e outros, pelo que a escolha da forma de financiamento, deve ter estes custos em linha de conta.
A literacia financeira não se esgota nos empreendedores, todos estes domínios pertencem ao dia a dia de cada um de nós, todos temos ideias de negócio ou não, e todas as ideias precisam de ser alimentadas, normalmente por meios financeiros.
O Projeto de Literacia Financeira do Banco de Portugal continuará a contar com a colaboração da Escola Profissional de Anadia, este texto é um modesto contributo para ajudar a melhorar a posição de Portugal no ranking do Banco Central Europeu, BCE, que no último relatório nos colocava no último lugar.